Tecnologia

O futuro é humanoide: a nova disputa tecnológica global

China, Estados Unidos e Europa investem bilhões na corrida por robôs com forma humana, mas o desafio vai muito além da aparência.
Os robôs humanoides, máquinas com formato semelhante ao corpo humano, estão no centro de uma corrida tecnológica bilionária entre China, Estados Unidos e Europa. A promessa dessas máquinas é revolucionar setores industriais e, futuramente, domésticos — mas os desafios técnicos e econômicos ainda são significativos.

A ascensão dos humanóides na indústria

Na feira Hannover Messe, na Alemanha, o robô G1 da empresa chinesa Unitree chamou atenção pela agilidade e aparência cativante. Menor e mais barato que seus concorrentes, custa cerca de US$ 16 mil e vem sendo comercializado principalmente para instituições de pesquisa e empresas de tecnologia. Sua aparência humanizada atrai o público, mas ele ainda depende de controle remoto ou programação prévia para funcionar.

Empresas como Tesla, BMW e Hyundai também estão investindo pesado. Elon Musk prometeu milhares de robôs “Optimus” ainda este ano para uso nas fábricas da Tesla. A Hyundai, por sua vez, aposta na Boston Dynamics e sua infraestrutura para robótica avançada.

A vantagem chinesa

A China tem mostrado clara liderança na área. O país concentra quase 60% do financiamento global para robôs humanoides e conta com forte apoio estatal. Centros como o de Xangai aceleram a capacitação e o desenvolvimento desses robôs com apoio governamental, tornando o processo de pesquisa e produção mais acessível e rápido.

Além disso, o ecossistema de fabricação local — com motores, baterias e sensores já sendo produzidos em massa — dá uma vantagem logística imensa às empresas chinesas.

O desafio europeu e americano

Enquanto isso, empresas na Europa e nos EUA enfrentam custos mais altos e dependência de componentes asiáticos. Bren Pierce, fundador da startup britânica Kinisi, reconhece isso ao optar por produzir o robô KR1 na Ásia, mesmo com projeto britânico. Para driblar os custos e a complexidade de um formato humanoide completo, ele desenhou o KR1 sem pernas, focando em ambientes com piso plano, como fábricas.

Sua aposta é na simplicidade: um robô que qualquer funcionário possa treinar rapidamente, sem necessidade de especialistas. Isso reflete uma estratégia prática para competir num mercado em que a forma humana ainda é mais um apelo visual do que uma necessidade funcional.

Robôs domésticos ainda são um sonho distante

Apesar do entusiasmo, a ideia de robôs humanoides em casas ainda está longe de se concretizar. A inteligência artificial atual ainda não oferece lógica e raciocínio suficientes para lidar com ambientes imprevisíveis, como um lar.

Até mesmo Pierce, otimista declarado, estima que robôs multifuncionais e confiáveis para uso doméstico só se tornem realidade em 10 a 15 anos.

Quem lidera a corrida?

A China, com sua produção eficiente, cadeia de suprimentos consolidada e apoio governamental, está na frente. Enquanto isso, empresas ocidentais tentam inovar em design, usabilidade e software para se manterem competitivas. A corrida está longe de acabar, mas os próximos anos serão decisivos para definir quem dominará o mercado dos robôs humanoides.
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