Apple investe em controle mental para iPhones e aposta em acessibilidade
O projeto ainda está em fase experimental, mas representa um passo promissor em direção a uma nova era de interação com dispositivos. A tecnologia utiliza implantes cerebrais que captam sinais neurais e os convertem em comandos que permitem navegação pelas telas, integrando-se ao recurso de acessibilidade “controle por interruptor”, já existente nos sistemas operacionais da Apple.
Implantes cerebrais e controle neural: o funcionamento da tecnologia
O sistema em desenvolvimento tem como base o Stentrode, um dispositivo da Synchron implantado em uma veia próxima ao córtex motor do cérebro. O implante contém eletrodos capazes de captar sinais neurais e enviá-los a um dispositivo Apple, onde são interpretados como comandos para selecionar ícones e realizar ações na tela.
Um dos primeiros usuários da tecnologia, diagnosticado com ELA, já conseguiu controlar um iPhone e utilizar o headset Vision Pro apenas com o pensamento. Apesar do avanço, a navegação ainda é mais lenta do que com métodos tradicionais, e a precisão permanece limitada. A interface não simula por completo o uso de um toque na tela ou de um cursor de mouse, o que mostra que há desafios técnicos a serem superados antes da adoção em larga escala.
Como parte da estratégia para fomentar a inovação nesse segmento, a Apple deve lançar ainda este ano um padrão aberto que permitirá a desenvolvedores terceiros criar soluções compatíveis com a interface neural. A medida visa acelerar a criação de ecossistemas acessíveis para diferentes perfis de usuários.
Tecnologia em estágio inicial e previsão de lançamento
A adoção comercial das interfaces cérebro-computador ainda está distante do grande público. A estimativa atual é que cerca de 150 mil pessoas nos Estados Unidos possam se beneficiar da tecnologia nos próximos anos. A previsão é que os primeiros produtos comercialmente disponíveis cheguem ao mercado por volta de 2030, embora empresas envolvidas não descartem a possibilidade de lançamentos antecipados.
Outras empresas também atuam no setor, como a Neuralink, de Elon Musk, que já implantou seu dispositivo N1 em humanos. Com mais eletrodos inseridos diretamente no tecido cerebral, o sistema da Neuralink consegue captar mais dados e oferecer controle mais rápido e preciso, mas enfrenta desafios semelhantes no que diz respeito à aprovação regulatória e segurança a longo prazo.
A Apple posiciona-se estrategicamente para liderar essa nova fase da computação, voltada à acessibilidade e ao uso de interfaces neurais. A tecnologia promete transformar não apenas a forma como pessoas com mobilidade reduzida interagem com seus dispositivos, mas também abrir caminhos para futuras aplicações em comunicação, produtividade e entretenimento.
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